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terça-feira, 7 de agosto de 2007

Manejo reprodutivo



Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP

Sistemas de Cobertura

- Existem dois sistemas: o natural e o artificial.

- O sistema de cobertura natural apresenta duas modalidades: uma a campo e a outra controlada.

- A cobertura natural a campo é a mais empírica que existe, pois o touro fica a vontade com as vacas, ocorrendo excessivas coberturas em uma mesma fêmea e muitas delas em momentos inadequados. Neste caso, a relação touro x vaca é de 1:25.

- A cobertura natural controlada é um sistema mais eficiente que o anterior, pois o touro fica num piquete separado das vacas e a fêmea no cio é levada ao reprodutor para a cobertura. O touro não executa grande número de coberturas em uma mesma fêmea, efetuando as coberturas em momento adequado, permitindo manter-se no sistema uma relação touro x vaca de 1:50. Neste sistema fica mais fácil controlar a fertilidade dos touros, além de se conhecer a paternidade da progênie.

- O sistema de cobertura artificial refere-se à inseminação artificial. Neste método, ocorre a interferência do homem na reprodução, não ocorrendo a cobertura, e sim a introdução do sêmen no aparelho reprodutor de fêmea, com a ajuda de instrumentos e técnicas adequadas, em condições de fecundá-la. A técnica utilizada em bovinos é a retro-cervical profunda. Quando o homem deve fazer a inseminação? Quando a vaca estiver no 1/3 final do cio.

A idade zootécnica para a inseminação é de 16 meses, sobrepondo-se a idade o "score corporal", que é a condição corporal de peso vivo, este deve ser ideal quando a vaca pesar 375 kg de P.V. (peso vivo) .

Serve também para a cobertura natural controlada. Neste momento, aumenta a probabilidade de concepção. Por isso é fundamental que ocorra a detecção do cio. Os sintomas de cio são modificações psicossomáticas na vaca.

Sintomas de cio

- a vaca vai apresentar monta e deixa-se montar pelas companheiras;
- a vaca fica inquieta;
- a vaca apresenta micção freqüente;
- a vaca apresenta a vulva tumefeita e congestionada;
- a vaca apresenta corrimento vaginal cristalino; quando este mesmo corrimento apresenta-se turvo ou purulento, pode caracterizar problemas de infecção, devendo intervir com tratamento adequado, prescrito por veterinário;
- a vaca aceita espontaneamente o macho;

Aproximadamente 50% das vacas apresentam um cio na parte da manhã. É necessário observar o cio pelo menos duas vezes ao dia. Nem sempre a fêmea apresenta o cio com todas as sintomatologias, tendo o cio silencioso; neste caso, a vaca apresenta corrimento que se adere à cauda.

O ciclo estral dos bovinos é de 21 dias, tendo o cio duração de 14 a 18 horas; a ovulação ocorre 12 a 14 horas após o término do cio, ficando o momento adequado para a cobertura no 1/3 final do cio (12 horas). O espermatozóide tem capacidade fecundante de no máximo 24 horas.

Ocorrendo o cio pela manhã, faz-se a cobertura na parte da tarde e vice-versa. O cio dos Taurinos é mais longo do que o cio dos Zebuínos, por isso, quando se faz cobertura natural controlada, coloca-se a fêmea zebu com o macho no período da manifestação do cio e reforça a cobertura no período posterior (se a vaca zebu manifesta o cio pela manhã, coloca com o macho pela manhã e novamente à tarde).

Rufião: é um touro vasectomizado, utilizado para marcar as vacas no cio ele permanece junto com as vacas o tempo inteiro. O animal é provido de um "busal marcador" que risca a anca das vacas montadas. Este sistema de detecção é mais fácil de trabalhar, mas ocorre a penetração na vaca, podendo ocorrer transmissão de doenças. No caso do animal de elite, o rufião é submetido a um desvio de pênis.

Avaliação Reprodutiva do Touro

Na pecuária bovina, o macho é acasalado com um grande número de fêmeas. Por isto, o uso de touros de baixa fertilidade, inférteis ou de qualidade genética inferior, pode acarretar sérios prejuízos aos criadores, levando a um maior intervalo entre partos das vacas e ou produção de filhos de baixa qualidade.

A substituição de reprodutores, de um modo geral, tem por objetivo:

- evitar consangüinidade;
- melhorar a qualidade genética do rebanho;
- melhorar a eficiência reprodutiva do rebanho;
- fins comerciais (lucros).

Antes da aquisição de um reprodutor deve-se definir a raça e o grau de sangue, em função da qualidade ou tendência racional do rebanho existente e da finalidade a que se propõe. É importante considerar, também, a região e condições de manejo da propriedade.

Muitos criadores são ludibriados na compra de um reprodutor, ao confiar na afirmativa do vendedor de que se trata de um animal provado. A prova de um reprodutor se faz através do "teste de Progênie" (única forma de garantir a qualidade genética do reprodutor), porém, o Brasil é carente em provas de teste de progênie. Assim sendo, na impossibilidade deste resultado deve-se levar em consideração uma avaliação do reprodutor, com relação aos seguintes aspectos:

- condição corporal;
- fertilidade;
- sanidade.

Condição corporal:

É o aspecto do reprodutor e é muito importante, principalmente se há necessidade de seu uso imediato, uma vez que o animal magro ou fraco pode apresentar uma baixa produção e ou qualidade dos espermatozóides. A compra de um reprodutor é quase sempre efetuada em função do tipo do animal (aspecto externo), sem nenhuma informação complementar capaz de auxiliar na sua avaliação. Este procedimento conduz a erros. Tem-se conhecimento de reprodutores usados com finalidade leiteira, de extrema beleza nas características externas (altura, peso e conformação), cujas filhas se caracterizam por baixa produção de leite e peso elevado (situação comum na aquisição de touros Gir para obtenção de mestiços leiteiros).

É muito importante analisar também a coordenação Motora do animal:

A caminhada em piso de grama ou cimento permite observar se o animal apresenta defeitos de aprumo e incoordenação dos movimentos (andar cambaleando ou manqueira). Touros com problemas de casco, membros, articulações e ou coluna podem apresentar dificuldades para montar na fêmea.

Fertilidade

- Comportamento sexual:

O reprodutor colocado junto a uma fêmea em cio permite as seguintes observações:

- Desejo sexual (libido): o desejo sexual é avaliado pelo tempo que o animal demora a se exercitar e saltar. O salto deve ser imediato ou em até 20 minutos. E importante saber que os machos da raça zebuína são por natureza mais vagarosos ou lentos. Cansaço ou esgotamento devido ao manejo incorreto pode acontecer.

- Ereção e exposição do pênis: comprometida por aderência, processos inflamatórios dolorosos ou verrugas (papilomas) na glande ou corpo do pênis.

- Introdução do pênis na vagina: em casos de fraturas, paralisia ou abscesso do pênis, os animais montam mas não conseguem introduzir o pênis na vagina da vaca.

É interessante ressaltar que o comportamento sexual; deve ser observado a uma distância regular do animal, pois, se o observador estiver muito perto, a sua presença poderá inibir o touro. Por outro lado, se o observador estiver muito longe, pode-se comprometer a observação.

Obs.: Capacidade coeundi: é a capacidade de efetuar montas sem problemas físicos

- Defeitos nos órgãos genitais

- Prepúcio: pus junto ao pênis de abertura pode indicar presença de infecção; crescimento anormal dos tecidos junto ao orifício de entrada chamado de acrobustite (umbigueira). Nesses casos não é indicada a compra, por necessitar de tratamento específico e longo tempo de recuperação.

- Bolsa escrotal e testículos: na bolsa escrotal estão localizados os testículos. Sua pele não deve apresentar ferimentos, queimaduras ou vermelhidão, que podem ser indicativos de inflamação ou abscesso. Os testículos são responsáveis pela produção de espermatozóides, sendo por isto, de fundamental importância no processo produtivo. Os dois testículos devem ter pouca ou nenhuma variação de tamanho. Um testículo pode estar localizado um pouquinho mais alto que o outro ou ligeiramente inclinado para trás. O animal deve demonstrar sinal de dor quando se aperta ligeiramente está região. Algumas anormalidades podem ocorrer com os testículos, sendo perfeitamente percebidas, e as mais importantes são a falta de um ou ambos testículos, na bolsa escrotal, contra indicação a aquisição do animal.


- Mobilidade dos testículos: os testículos são normalmente móveis dentro da bolsa escrotal, podendo-se através de pressão, fazer subir um de cada vez sem maiores dificuldades. Em caso de aderência ou inflamações, esta mobilidade deixa de existir ou diminui, afetando o mecanismo termorregulador dos testículos e, conseqüentemente, a produção e a qualidade dos espermatozóides. Com relação à consistência deve ser firme, ou seja, não são duros nem moles (duro = calcificado, atrofia, fibrosos; mole = degeneração testicular).

O tamanho dos testículos é importante por estar relacionado com a concentração e normalidade dos espermatozóides. A diminuição do peso e volume pode ocorrer em um ou ambos testículos. Este detalhe tem grande importância em bovinos devido a sua possível origem genética. poderá ocorrer Hipoplasia Testicular; é quando sempre um testículo for menor que o outro (origem genética), e ou Atrofia Testicular, quando o testículo normal diminui de tamanho (adquirido). O importante é saber que em ambos os casos a compra é desaconselhável.

Ainda em relação ao tamanho dos testículos, é bom saber que ambos os testículos podem ter o mesmo tamanho, embora menores que o tamanho normal. Em touros acima de 30 meses de idade a medida do diâmetro da bolsa escrotal não deve ser inferior a 30cm.

- Qualidade do sêmen (espermograma): os testículos são muito mais sensíveis às alterações metabólicas (hormonais, bioquímicas, etc.) e do ambiente (frio, calor, etc.), que afetam bastante a produção e a qualidade dos espermatozóides.

Desse modo, qualquer alteração no trato genital do touro, independente de sua origem, resulta em menor fertilidade ou mesmo esterilidade.

A quantidade de sêmen (constatada pelo espermograma) constitui o fator mais importante e seguro para determinação da eficiência reprodutiva do touro. De um modo geral, a qualidade é baseada nos espermatozóides (presença, contaminação, relação vivos/mortos, tipos de patologia, etc.).

Indiscutivelmente para verificar a fertilidade do touro, o método mais seguro é efetuar o espermograma, porém, no campo, devido à dificuldade deste procedimento (falta de laboratórios), todos os aspectos aqui mencionados devem ser considerados na tentativa de se evitar a aquisição de um animal inadequado para a função.

Sanidade

Os testes para brucelose campilobacteriose, bem como a identificação de trichomonas, devem ser realizadas com a finalidade de se evitar a introdução destas doenças no rebanho. Além das doenças de reprodução, outras devem ser observadas: tuberculose, papilomatose (verrugas), aftosa, etc.

Avaliando a Matriz

Na escolha de matrizes, deve-se observar o potencial genético através da produção de leite, a fertilidade através do I.E.P. (intervalos entre partos), período de serviço (período que vai do parto até a concepção) e idade do primeiro parto, e a sanidade através de todos os testes negativos, além da verificação da presença de mastite (inflamação da glândula mamária) Devem-se considerar também os aspectos externos anteriormente citados.

Modelo - Ficha de Controle de Gado

Nº ......Nome.......................................Grau................Nascimento..../...../....

Pai .......................................Mãe ...............................Procedência............

Peso/nasc........kg Peso/210d.........kg Peso/365d........kg Peso/550d.........kg

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea..................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Marca

Vacina

Data

Data

Data

Data

Data

Data

Data

Data

AFTOSA

AFTOSA

Carbúnculo

Brucelose

RAIVA

Botulismo

Leptosp

Vermifucação

Vermifucação

Antes de comprar um touro...

Algumas informações devem ser obtidas com outras pessoas da fazenda, já que o vendedor poderá colocar o interesse comercial acima da verdade. Caso o vendedor tenha grande reputação torna-se desnecessário. Para conseguir tais informações algumas perguntas podem ser formuladas:

1. Já possui filhas no rebanho? Quantas?
- elimina esterilidade;

2. As vacas cobertas por ele repetem muito cio?
- pequeno número de animais com retomo de cio, leva a suspeita de problemas com as fêmeas;
- grande número de retornos, possibilidade de o macho ser portador de algum problema;

3. Suas filhas têm problemas de falta de cio?
- Isto pode ser indicativo de problemas hereditários de fertilidade. Ex: hipoplasia ovariana;

4. Vacas que ele cobriu abortaram ou voltaram ao cio com intervalo maior que 30 dias?
- A resposta positiva pode sugerir presença de agentes infecciosos transmitidos pelos machos; Ex: Trichomonas, Campilobacter, Micoplasma, etc.

Obs: mesmo tendo dois ou mais touro no rebanho, é costume o criador destacar o touro como sendo o pai das melhores bezerras e novilhas ou vacas do rebanho, tendo em vista a importância de se conhecer a produção de suas filhas.

Fisiologia da reprodução


Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP

No macho

O testículo apresenta duas funções específicas: espermatogênica e endócrina.

Espermatogênese

É a produção de espermatozóides; ela ocorre nos testículos, que são as gônadas masculinas.

- A espermatogênese nos bovinos demora 65 dias para ocorrer

- A temperatura normal da espermatogênese é de 2°C a menos que a temperatura da cavidae abdominal que é de aproximadamente 39°C, variando de acordo com as raças.

- O plexo pampiliforme é um emaranhado de vasos sangüíneos que promovem o resfriamento da bolsa escrotal.

- A produção diária de espermatozóides no touro adulto é da ordem de 12 a 14 bilhões.

Hormônios

- FSH (hormônio folículo estimulante): atua no tubo seminífero, promovendo a espermatogênese; - LH (hormônio luteinizante): atua nas células de Leyding, produzindo a testosterona, hormônio masculino responsável pela libido (desejo sexual) e pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas, como o desenvolvimento da musculatura (hipertrofia), formação dos pelos, tom do mugido, etc.

Na fêmea

O ovário é a gônada sexual feminina, também apresenta duas funções: ovogênica e endócrina.

Cio ou estro

A fêmea exterioriza a fertilidade através do cio ou estro, que são modificações psicossomáticas no animal, detectadas pela aceitação do macho

O Ciclo compreende o inicio de um estro até o inicio do estro seguinte, sendo no caso da vaca igual há 21 dias.

O estro tem duração média de 14 a 18 horas, sendo a ovulação 12 a 14 horas após o termino do estro.

Hormônios

Controle hormonal: a glândula hipófise libera o hormônio FSH, o qual atua no ovário promovendo o desenvolvimento do folículo e a produção do hormônio estrogênio, sob o efeito do estrogênio a vaca manifesta o cio e a hipófise libera o hormônio LH, o qual promove o rompimento do folículo (ovulação), na parede do ovário, onde ocorre a ovulação forma-se o corpo lúteo, responsável pela produção do hormônio progesterona. Havendo a concepção, há o desenvolvimento da gestação e posterior parição. Não havendo a concepção, o corpo lúteo regride, iniciando um novo ciclo.

- O hormônio estrogênio é responsável pelas características sexuais secundárias femininas (maturidade sexual).

- O hormônio progesterona é responsável pela manutenção da gestação.

Fecundação

A fecundação ocorre no terço superior do oviduto; se a mesma não ocorrer até 6 horas após a ovulação, o óvulo é envolto por uma camada lipóide, impedindo a concepção. O ovo caminha do oviduto para o corno uterino, onde ocorrerá a nidação, que é a fixação do mesmo na carúncula uterina para o desenvolvimento do feto.

Gestação

- A gestação tem duração de 9 meses.

- A placenta se desenvolve na sua totalidade nos primeiros meses da gestação, sendo que o animal tem 2/3 do seu desenvolvimento no terço final da gestação. As exigências de nutrição do animal são somente acrescidas no terço final da gestação, onde ocorre desenvolvimento significativo do feto.

As funções da placenta

- Proteção do feto contra órgãos vizinhos (rúmen);
- Possibilita o desenvolvimento do feto;
- Nutrição do feto;
- Capta e elimina os resíduos metabólicos;
- Produção de progesterona;
- Função hormonal: a partir do 7º - 8º mês de gestação a placenta consegue produzir quantidade suficiente de progesterona para manter a gestação.

Parto

É a expulsão do feto após ele atingir o seu desenvolvimento animal; iniciando se o parto, o qual leva normalmente cerca de duas horas; nascimento com as patas dianteiras na frente com a cabeça repousando sobre elas.

Importante: Próximo ao parto deve ser feito apalpação, para verificar a posição do bezerro, que deve ser com cabeça e patas juntas. Ele sugará o seu dedo.

Hormônios que atuam no parto

- Ovariano (Relaxina): promove a abertura da pélvis;
- Hipofisário (Ocitocina): contração da musculatura do útero, promovendo a expulsão do feto.
- Quando o feto sai, nem sempre a placenta sai junto. De um modo geral, a expulsão da placenta é considerada normal se ocorrer até 6 horas pós-parto.
- Após o parto, a vaca entra num período fisiológico chamado puerpério, que é o período de involução do útero e regeneração das carúnculas uterinas. Caso a placenta não seja expulsa até 12 horas, pós-parto, caracteriza-se retenção de placenta, a qual pode levar o aparecimento de uma metrite na vaca, que é o processo de inflamação do útero, cuja mesma, pode levar a esterilidade. A metrite ocorre quando há partos distócicos, ou seja, partos difíceis em que a vaca não consegue parir sozinha; o parto distócico geralmente ocasiona retenção de placenta. Para o tratamento da metrite, consulte um veterinário.

- Logo após o nascimento do bezerro a vaca entra em lactação.

Criação de bezerros



Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP

Princípios básicos sobre o manejo de recém-nascidos

Um manejo cuidadoso com as matrizes, alimentação adequada e boas intalações e higiene são pontos basicos que asseguram a saúde dos bezerros.

Vaca

Para vaca seca, uma ração apropriada é essencial para manter a vaca saudável e diminuir a incidência das doenças do período pós-parto. Fêmeas magras tem crias com baixo "peso ao nascer" e por outro lado as excessivamente gordas poderão ter partos distócicos.

Com um mínimo de uma semana de antecedência da data de parição prevista, remova a vaca para uma área já reservada para tal. Escolha uma baia bem ventilada ou um piquete maternidade limpo e seco. Evite usar serragem como cama pois esta pode obstruir a boca e as narinas do recém-nascido.

Ao nascer deve-se limpar a boca e as narinas do bezerro. A água fria estimula os reflexos de visão e esfregá-lo com um pano seco e limpo estimula a respiração. Após secar o recém-nascido mergulhe seu umbigo por completo no iodo para prevenir infecções.

Alimentação do bezerro

Ao nascer o bezerro não possui imunidade a doenças. Este é o motivo pelo qual ele precisa tanto do colostro, que contem proteínas denominadas imunoglobulinas (anticorpos), absorvidas diretamente através do intestino. Os anticorpos absorvidos darão proteção ao recém-nascido contra infecções. A qualidade de colostro varia de uma fêmea para outra. Vacas com vacinação completa e vacas adultas, em geral, produzem colostro de melhor qualidade do que as novilhas, devido ao maior período de exposição a diversos agentes patogênicos de organismos causadores de doenças.

O ideal é que 2 litros de colostro, seja fornecido nos primeiros quinze minutos pósparto, ou no máximo uma a duas horas após o nascimento. A qualidade do colostro diminui acentuadamente após a primeira ordenha.

Alimente o recém-nascido utilizando uma mamadeira limpa para induzir a sucção e o fechamento da "goteira esofagiana" fazendo assim com que o leite vá direto para o abomaso ao invés do rúmen. Caso o bezerro não sugue, utilize um aumentador esofagiano para forçar a ingestão do colostro.

Oito a doze horas mais tarde, forneça mais 2 litros do colostro, o segundo fornecimento auxiliará a empurrar a primeira mamada do colostro do estornago para o intestino delgado, permitindo dessa maneira além de um aumento na absorção de anticorpos a lavagem do intestino evitando a aderência da bactéria Escherichia coli. Nas primeiras 20 horas de vida do bezerro ele deve receber de 12 a 15% do seu peso vivo em colostro.

Animais recém-nascidos devem receber 2 litros de colostro 2 vezes ao dia,durante três dias, e leite durante a primeira semana de vida. Após ter recebido colostro adota-se o fornecimento de um dos seguintes alimentos líquidos: leite por completo ou substitutivos do leite.

A maioria das recomendações é de 8% do peso corporal do bezerro/dia, fornecido parceladamente. O que irá apenas manter o bezerro, 10 - 12% é o suficiente para manutenção e crescimento.

Os substitutos do leite também estão sendo utilizados em larga escala. Devem ser constituídos a base de leite ou de subprodutos do leite, conter 22% de proteína, 10-12% de gordura e menos de 0,25% de proteína crua.

A recomendação técnica canadense é de 0,25 Kgs de substitutivo do leite para 1 Kg de água, fornecida 2 vezes ao dia até o desmame. A ração inicial de bezerros deve conter 18 a 20% de Pb e 70 a 71% NDT, um agente anticoacido, ser palatável e livre de impurezas. Ofereça ao bezerro entre 4 e 6 dias de idade iniciando em pequenas quantidades, retirando sempre as sobras ao fazer a reposição para que a ração não estrague.

O bezerro poderá ser desmamado quando estiver ingerindo de 500 a 700g de ração por dia, regularmente por uma semana. Água limpa e fresca deve estar à disposição.

Uma vez que o feno é digerido no rúmen, este precisa estar funcionando antes de fornecer a forragem efetivamente. Inicie com feno quando o bezerro estiver com pelo menos três semanas de idade e ingerindo algum tipo de grão. Deve-se estimular o consumo para acelerar o desenvolvimento do rúmen.

Os utensílios devem ser lavados e desinfetados para impedir proliferação de germes.

Instalações

Basicamente deve ser limpa, seca e bem arejada, mas sem correnteza. Os bezerros devem ser alojados em abrigos individuais, separados das vacas, pois os animais adultos são fontes de vários agentes infecciosos.

As baias devem ser limpas, desinfetadas e forradas com uma cama de palhada. Recomenda-se que permaneça vazia por uma semana entre um bezerro e outro.

As gaiolas individuais são estruturas únicas, de plástico ou madeira, abertas na frente. Assim como qualquer outra instalação deve ter boa drenagem, uma cama seca e face voltada para o sul. No período entre um bezerro e o próximo a ocupar a mesma gaiola, estas devem ser limpas, desinfetadas e removidas para outro espaço.

A cada 6 meses todas a gaiolas devem ser removidas para uma área completamente nova, e o espaço que estava sendo ocupado pelas mesmas deve ser limpo (carpido) de modo que o solo fique exposto ao poder desinfetante do sol.

- Programa de Alimentação: de 1 a 5 semanas

Fornecer 1% PV na forma de forragem fibra longa;
Silagem: diminuir pela metade - MS 13 Kg/dia;
Feno: diminuir pela metade - PB 13%;
Ração[ ]: 1 Kg ( níveis maiores dependendo da condição corporal das necessidades de crescimento, da qualidade e do consumo da forragem e do "stress ambiental");

- Fornecimento

Dieta de transição: 6 a 8 semanas (1/3 final);
Para alta produção: 3 a 5 Kgs de ração completa de vacas alta produção mais dieta tradicional de vacas secas (feno + 1 Kg de concentrado de vacas secas) + 1 Kg concentrado de transição.

Manejo de novilhas


Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP

O sistema de criação de bezerras deve ter como objetivo colocar a novilha no ponto de reprodução o que deve acontecer quando elas apresentam pesos mínimos de 300 Kg nas raças grandes e 250 Kg nas pequenas.

Essa proposição é feita porque se admite que os animais deverão apresentar por ocasião do parto, pesos superiores a 500 Kg nas raças de maior porte, e 400 Kg nas consideradas pequenas. Com isso, as novilhas de primeira cria mostrarão menos propensão a partos distócicos e terão condições de enfrentar a lactação sem desgaste físico acentuado, características dos animais que apresentam crescimento reduzido. Sob o ponto de vista técnico, o peso, e não a idade, deve ser o fator a ser observado na reprodução de novilhas leiteiras.

Quando se analisam sistemas de criação de bezerras deve atentar para o fato de que, na época da puberdade, quando ocorre o primeiro cio (200 a 240 Kg nas raças grandes e 150 a 200 Kg nas pequenas) o ganho de peso não deve ultrapassar 750 g/dia, pois trabalhos têm demonstrado que ganhos mais acelerados nessa fase são capazes de prejudicar o desempenho futuro das novilhas. Essas pesquisas têm revelado redução na produção de leite de cerca de 20%, sendo o efeito permanente. Assim sendo é aconselhável a programação de ganho mensal máximo de 22Kg/na/mês, como garantia na fase anterior à entrada na reprodução.

As vantagens do crescimento acelerado de novilhas podem ser facilmente demonstradas quando a produção na primeira lactação for suficientemente elevada para pagar qualquer investimento adicional a ser feito com alimentação. Quando existe utilização de touros provados, pode-se esperar cerca que 2/3 das novilhas produzidas serão de boa qualidade, e assim, os sistemas mais intensificados podem ser adotados.

O crescimento das bezerras depende basicamente da nutrição e deve-se considerar que nas raças leiteiras os animais são precoces, ou seja, amadurecem sexualmente cedo, e são capazes de apresentar crescimento rápido em curto período de tempo.

Quando tem que responder por uma parcela considerável das exigências diárias das novilhas, o volumoso pode se tornar um fator limitante ao processo de crescimento se sua composição não for favorável. Não se obtém crescimento rápido das novilhas através do uso de forragens de alta qualidade. O volumoso deve apresentar de 60-75% de NDT, 10-13% de Pb, de 0,3-0,65% Ca e de 0,22-0,32% P para ser utilizado sozinhos na criação de bezerras. Quando se faz a introdução de concentrados, toma-se fácil atender as exigências dos animais porque a composição teórica do volumoso passa a ser mais fácil de ser atendida na prática deve-se dar ênfase ao fato de que volumosos de qualidade muito baixa são consumidos em quantidades reduzidas e que é de grande importância garantir o consumo de matéria seca especificado. O fornecimento de concentrado deve ser encarado como importante sob o ponto de vista de fornecimento de energia e proteína e sobretudo de minerais. Sabe-se que os bovinos não sabem como, quando ou porque devem consumir misturas minerais, pois, trabalhos de pesquisas têm demonstrado que a ingestão no cocho não segue um padrão regular.

Assim sendo, não se pode depender desse tipo de fornecimento para o atendimento de exigências mais elevadas principalmente quando mantidas em pastagens estabelecidas em terrenos de baixa fertilidade.

A utilização de forragens cultivadas em terrenos de alta fertilidade pode contribuir decisivamente para a obtenção de ritmos de crescimento mais acelerado.

Trabalhos de pesquisas em nosso meio tem mostrado a possibilidade de se obter com forragens tropicais teores na matéria seca de 0,25-0,40% de P e de 0,30 a 0,60% Ca. Por outro lado, havendo controle do crescimento das plantas bem adubadas é viável a obtenção do volumoso contendo de 10 - 13% Pb e de 58-65% NDT na matéria seca. O uso de fertilizantes e a adoção de manejo adequado podem contribuir para promover uma redução considerável no uso de alimentos concentrados.

Manejo de vacas secas




Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP




Com a busca de um aumento na produção leiteira, tem-se motivado a procura de animais provados e com um alto potencial de produção. No entanto outros fatores altamente decisivos acompanham o mérito genético do rebanho, tais como nutrição e manejo.

Uma das melhores maneiras é a adoção correta das técnicas alimentares especificas para cada fase do processo produtivo, dentre estas, as vacas secas, que por não estarem em lactação não aumentam diretamente o lucro líquido da propriedade e são às vezes, esquecidas pelos produtores.

O programa das vacas secas inicia o próximo ciclo da lactação, exercendo uma grande influência na ocorrência de desordens metabólicas (cetose, deslocamento de abomaso, síndrome da vaca gorda e febre do leite), na mudança da condição corporal, no fornecimento de nutrientes necessários ao rápido crescimento do feto e na otimização da reprodução na próxima lactação.

O período seco deve durar 60 dias a fim de permitir uma boa regeneração das células epiteliais desgastadas, um bom acúmulo de colostro e assegurar um bom desenvolvimento do feto, bem como completar as reservas corporais, caso estas ainda não tenham ocorrido.

Desta forma, as vacas, no período seco, devem ser agrupadas em dois grupos distintos:

O primeiro grupo abrange todos os animais que iniciam o período de repouso, que vai da primeira a quinta ou sexta semana, enquanto que o segundo grupo abrange os animais nas duas ou três últimas semanas que antecedem o parto. Uma das maiores razões que explica a necessidade à vantagem de se ter dois grupos diferentes para as vacas sêcas, é a de que se deve levar em conta a diminuição do consumo entre os dois grupos.

Deste modo, no início do período seco os animais podem ser alimentados com uma pastagem de boa qualidade, feno, silagem e ou a combinação destes, no entanto, no final do período seco onde ocorre um grande aumento no crescimento fetal, existe uma elevação da pressão interna nos órgãos digestivos, diminuindo desta forma o espaço ocupado pelos alimentos este fato, associado com a grande variação hormonal no período pré-parto, ou seja, um aumento nas concentrações sanguíneas de estrógeno e corticóides e uma queda nas concentrações de progesterona, reduzem o consumo de matéria seca em até 30%, predispondo o animal a um balanço energético negativo, com isso aumentam o catabolismo de gordura elevando as concentrações de ácidos graxos não esterificados na circulação, onde serão posteriormente acumulados no fígado podendo causar problemas metabólicos e diminuindo a posterior produção leiteira.

Uma das medidas básicas a ser tomadas é a elevação da densidade energética da dieta final do período seco (aproximadamente 21 dias antes do parto), aumentando conseqüentemente a relação concentrado/volumoso, compensando desta forma a redução do consumo de alimentos.

O aumento do consumo de concentrado, além de adaptar os microorganismos do rúmen a uma dieta rica em aminoácidos, favorece o desenvolvimento das papilas ruminais (pequenas projeções em forma de dedo na parede ruminal). O crescimento das papilas aumenta a superfície de contato do rúmen possibilitando uma maior absorção dos ácidos graxos voláteis, promove pequena variação no PH do rúmen e diminui o risco de acidose no início da lactação, onde grandes quantidades de grãos são introduzidas na dieta.

Todavia, são necessárias de quatro a cinco semanas para que o alongamento das papilas se complete.

Recentes pesquisas têm mostrado que o aumento no fornecimento de proteína na dieta pode ter um efeito benéfico, principalmente porque mantem as reservas protéicas do animal, diminuindo suscetibilidades às desordens metabólicas, mas não devemos esquecer de atender as exigências em proteínas não degradáveis no rúmen (3% de farinha de sangue), vitaminas, minerais e outros aditivos são bastante úteis na alimentação das vacas secas.

A Niacina pode prevenir cetose e manter o consumo de matéria seca, a recomendação atual é de 6 a 12g de Niacina/dia, iniciando vinte e um dias da data provável do parto até o trigésimo dia de lactação, principalmente para vacas de alta produção (> 32 Kg leite/dia) e vacas de primeira cria produzindo acima de 25 Kg/dia, bem como as vacas obesas. Assim como a niacina, o propilenoglicol pode ser fornecido em até 500 g/d, pois o mesmo é convertido em glicose no fígado, diminuindo a cetose e a formação do fígado gordo.

Devemos ainda considerar que a imunidade das vacas é menor no período pré-parto e no início da lactação, onde o aparelho reprodutivo se encontra aberto e as taxas de infecção e mastite são altas, com isso o fornecimento de vitamina E, Zinco, Cobre e Selênio pode ser benéfico evitando problemas como mastite e retenção de placenta.

No inicio da lactação, principalmente em vacas de alta produção, existe um elevado fluxo de cálcio para a glândula mamária, reduzindo o teor de cálcio sangüíneo e como conseqüência predispõe a vaca a hipocalcemia que afeta até 75% das vacas de alta produção. Níveis reduzidos de cálcio no sangue pode levar à retenção de placenta, involução uterina evolução intensiva ineficiente, diminuição na contração do músculo liso e um aumento na incidência de deslocamento do abomaso.

Desta forma, a utilização de sais aniônicos (sulfato de cálcio) pode evitar a hipocalcemia, aumentando a mobilização de cálcio nos ossos. No entanto, devemos ter cuidado, pois os sais aniônicos são impalatáveis podendo reduzir o consumo de alimento, desta forma a utilização de palatabilizantes podem ser necessárias.

Um outro ponto importante que deve ser levado em consideração é a condição corporal das vacas próximas ao parto. Para avaliação é adotados o método da condição corporal de 1 (muito magra) e 5 (muito gorda) sendo que para o parto o ideal é que a vaca apresente de 3,4 a 3,75. Inúmeras pesquisas, têm mostrado que as vacas supercondicionadas consomem menos alimento no pré-parto e no pósparto, apresentando uma alta incidência de problemas metabólicos, existindo alta correlação entre condição corporal no pré-parto e consumo de matéria seca no primeiro e vigésimo primeiro dia pós-pano. Desse modo, a obesidade pode ser tão prejudicial quanto à falta de condição corporal no momento do parto.

Secagem

Objetivos: proporcionar descanso à vaca afim de prepará-la para a próxima lactação. Consiste em interromper sua lactação. As razões da secagem se baseiam nos seguintes fatos:

- Vacas que parem, ainda dando leite, produzem bezerros fracos e não apresentam boas condições corporais no momento do parto;

- Boas condições corporais e sanitárias facilitam o parto e favorecem a produção de leite na próxima lactação;

- Proporciona tempo suficiente para regeneração dos tecidos secretores do leite (aproximadamente 60 dias);

- A secagem proporciona maior produção de colostro, essencial para sobrevivência da cria recém-nascida e maior resistência à mamite;

- Facilita o aparecimento do cio pós-parto em virtude das melhores condições corporais da vaca;

- Quando a vaca apresenta uma produção tão baixa que se torna antieconômica mantê-la em lactação. Nessa situação além da mão-de-obra gasta em seu manejo, há uma sobrecarga desnecessária na área de pasto das vacas em lactação, justamente daquelas que consomem mais alimentos.

Período = 60 dias antes do parto, se o motivo for à proximidade do parto. Quando não compensar economicamente, nos casos de baixa produção.

Procedimento

Consiste em alterar de uma só vez os principais fatores que influem na produção de leite, isto é, a alimentação e os estímulos psíquico-hormonais (presença do bezerro, das companheiras de rebanho e/ou presença à saia de ordenha, cheiro de ração e/ou silagem). Deve-se proceder da seguinte maneira:

- O primeiro cuidado é verificar no inicio da secagem se a vaca está com mamite. O diagnostico será feito com o uso de caneca telada, ou de fiando preto. Se o teste for negativo, a vaca estará apta ao processo de secagem; se for positivo, não se deve secar a vaca, mas tratar a mamite;

- Feito as recomendações acima, deve-se esgotar bem o úbere da vaca. Em seguida colocar em cada, um antibiótico de longa duração (próprio para vacas secas);

- Transferir o animal do local onde está acostumada a rotina da ordenha para um piquete ou pasto afastado do curral ou do estábulo. Este pasto deve ser pobre de capim, de modo a não permitir que a vaca se alimente bem. Não fornecer concentrado. Embora dispondo de pouco alimento, a vaca deve beber água à vontade;

- Não ordenhar mais, mesmo se o úbere encher de leite, este fato não ocasionará nenhum mal ao animal, pois o organismo da vaca absorverá o leite. Entretanto, deve-se observar diariamente, para ver se o úbere está avermelhado ou dolorido, coisa muito rara de acontecer. Na hipótese de o úbere estar inflamado, deverá ser feita nova ordenha e repetida aplicação de antibiótico;

- Decorridas duas semanas a vaca não mais produzirá leite e a secagem estará completa, quando então poderá ter uma alimentação normal - volumosa e concentrada - condizente com o período pré-parto.

Vacas leiteiras

A produção de leite por vaca continua aumentando 2 a 3% anualmente. O melhoramento genético responde por 33 a 40% deste crescimento, ao passo que a nutrição e o manejo perfazem os 60 a 67% restantes.

Os primeiros 60 dias após a parição são críticos para a saúde da vaca e para o sucesso econômico da lactação como um todo. Vacas recém-paridas enfrentam vários desafios que devem ser considerados e controlados, quais sejam:

- O pico da lactação geralmente ocorre 50 a 60 dias após o parto, determinando a curva da lactação;
- Para cada 1Kg de aumento de pico de produção, a lactação verifica um aumento de 0,200 a 0,225 Kg de leite.
- O déficit máximo de energia ocorre nas primeiras três semanas de lactação;
- Cerca de um terço a metade das vacas de alta produção apresentam cetose, podendo levar a síndrome do fígado gordo se não for controlada;
- Acidose ruminal é a desordem metabólica predominante em vacas pós-parto.
- Vacas com reprodução em bom funcionamento apresentarão o primeiro ciclo estral em 15 a 25 dias pós-parto;
- O "status" energético nas primeiras três semanas após o parto afeta os folículos que se desenvolverão 60 dias depois.

Consumo de matéria seca (MS)

Um programa de vacas secas adequado, dividido em duas fases distintas, permitirá a vacas secas que tenham uma transição bem sucedida do período seco para a lactação.

O consumo de MS é reduzido em 18% no início da lactação. Desse modo, a concentração de nutrientes deve ser corrigida para este potencial de consumo menor. Alguns fatores que podem melhorar o consumo de matéria seca devem ser implementados:

- O uso de rações completas irá maximizar o consumo de MS no início da lactação;
- A forragem deve ter valor superior a 1,32 Mcal de energia líquida/Kg Ms.
- A digestão ruminal deve ser maximizada através do balanceamento de proteínas degradáveis e carboidratos não estruturais, permitindo produções microbianas de ácidos graxos voláteis maiores, taxas ótimas de passagem do alimento e máxima produção de proteína microbiana;
- O PH e o ambiente ruminal devem ser favoráveis para o desempenho e crescimento microbiano;
- O manejo de alimentação deve proporcionar alimento á vontade, fresco e palatável, além de encorajar os animais a retomar freqüentemente para se alimentar especialmente durante condições de "stress" térmico (calor ou frio excessivo).

Considerações sobre a perda de peso

As vacas entram em balanço energético negativo após o parto uma vez que os requerimentos nutricionais para a produção de leite excedem o consumo de energia.

A perda de peso deve ser limitada a um máximo de 1Kg/d, resultando em um total de 1 a 1,5 escores na condição corporal (60 a 90 Kgs.), devendo o balanço energético positivo retornar 60 dias após o parto ou até antes. Fatores que auxiliam na manipulação da perda de peso são listados a seguir:

- As vacas não devem estar excessivamente pesadas (condição corporal - CC- acima de 4) o que reduz o apetite e o consumo de MS. Vacas magras (escore inferior a 3,0 em CC) não apresentam reservas energéticas suficientes. Um Kg de gordura corporal mobilizada pode gerar o equivalente a 7Kg de leite em energia.
- Vacas mobilizando peso corporal precisam de proteína adicional para equiparar a energia obtida pela perda de peso. Essa proteína deve ser proveniente de fontes não degradáveis no rúmen e com um perfil de aminoácidos bem balanceados.

Dinâmica ruminal

As papilas ruminais gradualmente se alongam a medida que dietas com maior quantidade de carboidratos fermentáveis são fornecidas. Os riscos de acidose ruminal são maiores se as mudanças na dieta forem muito bruscas, especialmente na vaca de primeira cria. Novamente, rações completas podem minimizar riscos Outras práticas tais como manter as porcentagens de fibra em detergente ácido (FDA) em níveis mais altos pelo fornecimento de 2-3 Kg de feno e reduzir o teor de carboidratos não estruturais (CNE) diminuem o acúmulo de ácidos no rúmen. Se o PH do rúmen estiver abaixo de 6, pode haver redução no crescimento microbiano, diminuição da digestão de fibra e na proporção de ácidos graxos voláteis produzidos. Acidose severa pode causar laminite e crescimento anormal do casco.

Utilização de aditivos

A Niacina pode prevenir cetose e manter o consumo de MS. A recomendação atual é fornecer 6 a 12g/d até que o pico de consumo ocorra (10-12 semanas após o parto). O custo-benficio deste aditivo é 4=1. Vacas candidatas incluem vacas secas obesas (CC > 3,0), vacas de alta produção (vacas adultas produzindo mais do que 35 Kgs de leite/dia e vacas de primeira cria acima de 25 Kgs/dia), vacas com tendência a ter cetose e vacas que perdem peso em excesso.

Tamponante são aditivos que mantém o PH ruminal entre 6,0 a 6,3. Bicarbonato de sódio é um produto comumente usado, sendo fornecido 120-250gr/vaca/dia. Óxido de magnésio não é um tamponante, mas, sim um alcalinizante (eleva o PH). A combinação de 2 a 3 partes de bicarbonato para a uma pane de óxido de magnésio é recomendada. A utilização de tamponantes deve ocorrer quando se tem vacas que param de se alimentar, baixo consumo de MS em geral, alimentos muito úmidos, dietas baseadas em grandes quantidades de silagem de milho, dietas com alto teor de concentrados e manejo com alto teor de concentrados por refeição. Propilenoglicol é convertido em glicose no fígado, podendo prevenir cetose e formação de fígado gordo. O fornecimento de 0,5Kg/d deste produto na forma liquida para vacas com elevada concentração de corpos cetonicos no sangue (com base em teste de coloração da urina ou do leite) tem verificado resultados positivos a campo. A utilização de 0,1 a 0,25 Kg no concentrado ou na ração completa pode ser efetuada com o intuito de evitar a cetose, mas tanto a palatabilidade como os custos devem ser considerados.

Culturas e produtos de levedura podem estimular as bactérias utilizadoras de fibras, manter o PH ruminal estável e estimular a produção de Ácidos Graxos Voláteis (AGV).

Estes produtos podem manter as vacas com o consumo de MS em níveis adequados e são palatáveis. A quantidade adicionada varia de 10 a 115 g/vaca/d., dependendo da concentração de leveduras e da fonte do produto, a um custo de U$ 0,06(centavos de dólar)/dia.

Aplicações

Grandes rebanhos têm dietas específicas para vacas recém-paridas, agrupadas em separado por 2 a 3 semanas após o parto. Em estábulo do tipo "Tie-stall" 3 há possibilidade de suplementação especifica de um concentrado para vacas pós-parto, fornecendo nutrientes necessários a esta categoria e 2 a 3 Kg. de feno palatável de alta qualidade.

Manejo na ordenha


Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP

A escolha do sistema

O tipo de sistema a ser utilizado deve levar em consideração:

-número de animais a serem ordenhados

-nível de produção dos animais

-tipo de leite a ser produzido

-qualidade da mão de obra

- investimentos totais a serem realizados

- custos operacionais a serem realizados

Tipos de ordenha

-Manual

-Mecanizada: balde ao pé, RST cirduito fechado, Tandem, espinha de peixe, poligonal, paralela ou rotatória.

Manual

Esse tipo de ordenha é largamente empregada no Brasil e é caracterizado por sua baixa eficiência e pela produção de um leite com alto grau de contaminação.

Mecanizada

Balde ao pé: sistema mais barato que se conhece. Possui eficiência de 15 vacas/homem/ hora com 2 baldes. No Brasil, devido à mão-de-obra ainda ser relativamente barata, é o sistema mais indicado para propriedades, com até 50 animais. Existem 3 tipos de Balde de Pé: no estábulo, na Sala de Ordenha e portátil.

Circuito fechado: também inidicado para rebanhos menores. Neste sistema, o leite no momento da ordenha é transportado por tubo de PVC. A velocidade é de 8 vacas/hora/unidade.

Sistema de tandem: esse sistema foi desenvolvido para os rebanhos maiores, de até 80 animais. o sistema mais comum é o "4x4"; apresenta um rendimento de 22 a 32 vacas/homem/hora. O manejo neste sistema é individual e a entrada e saída das vacas são controladas por meio de fotocélulas. Com o tandem um único profissional pode cuidar de 6 a 8 animais.

Espinha de peixe: é o sistema mais utilizado entre os criadores; apresenta um rendimento de 37 a 42 vacas/homem/hora no tipo "4x4"; os animais ficam posicionados em 45° em relação ao fosso, posição que facilita a visualização dos úberes e tetos; as vacas entram e saem em lote, sendo a maior desvantagem do sistema, pois as vacas devem ser manejadas em lotes de produção semelhante. Este sistema de ordenha é indicado para criatórios com até 300 animais.

Poligonal: considerada uma variação do espinha depeixe, os animais ficam na mesma posição. Com capacidade para 4 lotes, este sistema é mais indicado para os criadores que desejam instalar máquinas maiores e desenvolver um trabalho mais racional dentro do fosso.

Paralela: é indicada para propriedades que contenham de 300 a 1.000 animais, em que cada operador cuida sozinha de 12 a 30 unidades. Neste sistema as vacas ficam umas ao lado das outras e de costas para o fosso.

Rotatória: é o mais moderno de todos os sistemas de ordenha. Desenvolvido para atuar em fazendas com mais de 500 vacas, sua extensão máxima atendem até 60 unidades. Nesse sistema, o ordenhador cuida de 30 vacas e são ordenhados 120 animais/hora.

Higiene

Práticas higiênicas inadequadas prejudicam a qualidade do leite, predispõem a ocorrências de mastite, que ocorre, na maioria das vezes, por penetração de microorganismos através do canal da teta. As medidas higiênicas visam evitar esse acesso. A higiene, portanto, é a palavra chave no controle da mastite.

Para obtenção de leite de melhor qualidade e para prevenir e/ou reduzir a níveis toleráveis as infecções da glândula mamária do rebanho, uma vigilância constante deve ser dirigida ao manejo e ordenhadores.

No curral e sala de ordenha

As instalações como sala de ordenha e curral de espera, por onde circulam os animais antes, durante e após a ordenha, devem ser mantidas limpas e secas, para evitar a multiplicação de microorganismos. Na limpeza diária, recomenda-se remover as fezes para evitar a proliferação de moscas e lavar em seguida com água corrente de boa qualidade.

Mensalmente deve-se fazer, após a limpeza do local, a desinfecção com cal virgem ou soluções à base de cresóis na concentração de 1%.

Com os utensílios

Os utensílios de ordenha, tais como baldes e latões devem ser limpos e desinfetados. A limpeza é feita nos intervalos da ordenha, de preferência com água quente ou morna, utilizando detergente biodegradável e desinfetante apropriado.

Uma solução de 5 a 10 ppm de cloro ativo (1ml de solução de hipoclorito de sódio, contendo 10% de cloro ativou de água), é eficaz após 5 a 10 minutos de contato.

Após serem lavados e enxaguados, os utensílios devem ser mantidos destampados e de boca para baixo até secarem por completo.

Onde se usa ordenha mecânica, a limpeza adequada e a manutenção, de acordo com as recomendações do fabricante, são essenciais para prolongar a vida útil do equipamento e ajudar na prevenção de mastite. A limpeza da ordenhadeira com substâncias apropriadas e na concentração indicada pelo fabricante compreende três fases:

Pré-lavagem: deve ser feita com água fria, e tem como finalidade remover os resíduos de leite que se aderem ao equipamento;

Lavagem principal: utiliza-se uma solução de limpeza apropriada a equipamentos de ordenha (detergente alcalino) em água aquecida a 50-60ºC deixando o conjunto funcionar por 15 minutos para remover todo o resíduo.


Enxágüe final: é realizado com água fria em abundância, para remoção completa da solução de limpeza, mantendo-se o conjunto funcionando por 5 minutos.

Uma vez por semana ou a cada 15 dias, inclui-se antes da lavagem principal um detergente ácido, específico para ordenhadeiras mecânicas, além do detergente alcalino e em seguida, enxagua-se com água.

Com os animais

Antes da ordenha: as tetas devem ser lavadas com água potável corrente, removendo-se a sujeira e enxugando-as com toalha de papel descartável.
Realizar o teste da caneca de fundo preto, pois além de permitir a identificação dos casos de mastite clínica em sua fase inicial, evita a contaminação do ambiente com os primeiros jatos de leite.

Após a ordenha: as tetas devem ser imersas em solução à base de iodofor ou de iodo glicerinado.

Estabelecer linha de ordenha quando for detectado algum animal com mastite, sendo que estas deverão ser ordenhadas por último, desinfetar o canal da teta em solução de iodo glicerinado, antes de aplicar o medicamento e massagear o quarto teto medicado para dispersar o remédio.

Os remédios deverão ser baseados em exames de antibiogramas.

Anatomia e fisiologia da úbere



Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP

Anatomia de úbere

Canal galactóforo; Cisterna; Canais lactíferos; Tecidos Glandulares; Veias; Artéria; Gânglio linfático.

Fisiologia da glândula mamária

O desenvolvimento da glândula mamária ocorre em várias fases:

- Recém-nascido (hormônios maternos) pré-puberal;
- Puberal (hormônios ovarianos, principalmente);
- Cíclico (estrogênio e também progesterona);
- Gravídico (estrogênio e progesterona da gestação)

Fatores do desenvolvimento da glândula mamária de maneira geral, pode-se dizer que os estrogênios desenvolvem os dutos da glândula mamária, enquanto o progesterona promove o desenvolvimento dos alvéolos. A glândula mamária desenvolve quando:

- não amamenta;
- após a castração;
- na menopausa.

Como se produz o leite

Fases de secreção (produção) da glândula mamária a produção do leite se inicia pela ação da prolactina da hipófise anterior, que estimula diretamente as células produtoras do leite dos alvéolos da mama. Leite é sangue transformado; nasce no úbere (composto por quatro glândulas mamárias que transformam componentes sanguíneos em alimento). O úbere é dividido em quatro partes, correspondendo cada uma a um teto. Vazio, o úbere pesa cerca de 15kg, podendo comportar até + ou- 40 kg de leite. Para cada litro de leite produzido, passa pela glândula mamária cerca de 300 a 500litros de sangue, portanto, uma boa vaca leiteira deve ter o úbere muito bem irrigado pela rede sanguínea.

Logo após o parto, a desinibição da hipófise anterior pela queda dos estrogênios e progesterona circulantes, leva a um aumento abrupto da secreção de prolactina que, agindo sobre a glândula mamária plenamente desenvolvida pelos hormônios da gestação, irá promover a produção do leite. A manutenção da produção normal do leite, depende da produção de prolactina, do hormônio de crescimento, pequena quantidade de estrogênio presente , do funcionamento da tireóide, da supra renal e do sistema nervoso. E necessária ainda uma alimentação adequada e ausência de doenças em geral.

A amamentação e o esvaziamento da glândula mamária são os fatores estimulantes da produção de prolactina. O não esvaziamento adequado da glândula implica na cessação da produção do leite. A produção do leite também poderá ser suspensa mediante a administração de doses elevadas de estrogênios, que impedirão a secreção de prolactina pela hipófise.

A expulsão do leite

Ao se iniciar e durante o ato de mamar, a sensação táctil gera estímulos, que por via nervosa, vão até o SNC (sistema nervoso central) estimulando o hipotálamo a produzir e a hipófise posterior a liberar ocitocina para a circulação. Esta, na glândula mamária, provoca a contração das células mioepiteliais dos alvéolos e a musculatura lisa dos dutos, propulsionando o leite ali formado na cisterna da mama. A compressão dessas cisternas provoca a saída do leite.

Sob a ação o ocitocina, a canulação das cisternas faz o leite jorrar espontaneamente. Em alguns casos, isto ocorre mesmo sem a canulação. A prolactina também é secretada sob controle do arco reflexo descrito.

Fenômenos relacionados com o ato de mamar, o mugido do bezerro, os ruídos do balde de ordenha, etc, podem desencadear o reflexo, que por sua vez também pode ser abolido por diversos fatores, como susto, a substituição de um ordenhador por outro, etc., através da liberação do hormônio adrenalina.

Produção de leite no Brasil


Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP

Produção de leite no Brasil

O Brasil apresenta alta produção de leite mas a sua produtividade é baixa quando comparada a de outros países.

Causas da baixa produtividade

Rebanho

A maioria dos animais produtores de leite no Brasil não são especializados para essa atividade e portanto apresentam uma baixa produção.

A falta de assistência técnica, de controle leiteiro e de um manejo correto associados com a baixa utilização de inseminação artificial, o alto custo dos reprodutores e de medicamentos são alguns dos fatores responsávies pela baixa produtividade do rebanho brasileiro.

Nutrição

Os animais são mantidos em pastagens que são utilizadas de forma contínua, sem reposição de nutrientes e que ficam sujeitas às variações climáticas ao longo do ano, como por exemplo, a falta de chuvas que provoca uma menor produção das forrageiras e conseqüentemente redução na produção de leite.

O alto custo dos concetrados, a falta de forragens conservadas e a ausência de mineralização comprometem a nutrição dos animais e a produtividade.

Instalações

Bezerreiros, currais ou estábulos para ordenha inadequados podem provocar alta mortalidade dos bezerros e uma higiene deficiente com alta transmissão de doenças.

Mão de obra

A ausência de pessoas especializadas, com falta de aptidão e a subutilização de instalações e equipamentos também são responsáveis pela baixa produtividade.

Causas das variações da quantidade e qualidade do leite

Raça

Algumas raças são mais especilaizadas para produção de leite que outras, influênciando principalmente quanto à qualidade e porcentagem de gordura.

Nutrição

A produção de cada animal é determinada pela sua genética e pelo ambiente. Portanto se um animal for alimentado em demasia não produzirá mais leite do que a sua capacidade permite, porém, uma alimentação deficiente, vai refletir numa produção bem abaixo do nível normal. Daí a necessidade de uma alimentação balanceada.

Idade e número de parições

A produção de leite aumenta com o número de lactações atingindo o pico de produção na quarta lactação.

Tempo de lactação

A época da lactação (tempo decorrido após a parição) influi muito sobre a composição do leite de um animal. Atinge o pico de produção na lactação no segundo mês.

Variações climáticas

Com relação a influência do ambiente na produção de leite, o frio, vindo repentinamente diminui a produção tanto do leite como em gordura.

Com o frio constante, as vacas produzirão mais ou menos o normal se forem bem alimentadas, apenas a gordura será um pouco reduzida.

Em situções de calor intenso os animais diminuem a ingestão de alimento o que também prejudica a produção de leite.

Prática de ordenha

O número de ordenhas influi na produção. Vacas de primeira cria têem em média um aumento na sua produção de 50% quando são ordenhadas duas vezes ao dia ao invés de uma vez. E quando são realizadas três ordenhas a produção pode ter um acréscimo de aproximadamente 15%.

Composição do leite

O leite é uma emulsão de glóbulos de gordura, estabilizada por substâncias albuminóides num soro que contem em solução = um açúcar = a lactose, matérias protéicas, sais minerais, sais orgânicos e pequenas quantidades de vários produtos, tais como: lecitina, uréia, ácido láctico, vitaminas, enzimas, etc.

Higiene do leite

Com o objetivo de manter a qualidade do leite deve-se tomar alguns cuidados como: o colostro assim como o leite de vacas com mastite ou que tenham recebido recentemente antibióticos não deve ser utilizado;o leite deve ser armazenado em recipientes limpos ; não deve-se misturar leites de diferentes ordenhas; e o leite deve ser resfriado de 4 a 5 ° C.

Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP


A produtividade média do rebanho brasileiro é tão pequena quanto o lugar que o país ocupa entre os países produtores do mesmo. A produção de leite no país é menor que a demanda pelo produto. Este fato pode ser devido a vontade do consumidor de antigamente, que queria leite barato, não de boa qualidade.
Visando a redução de custos e riscos, muitos produtores investiram em rebanhos de dupla aptidão (produção de leite e carne), uma vez que o preço do leite e da carne são inversamente proporcionais. Resultado: baixa produtividade de ambos. O produtor também não se especializou, pois não tem o leite como principal atividade, na maioria dos casos. É como se fosse uma produção para subsistência. Além disso, o grande número de propriedades existentes (pequenas propriedades) dificulta a formação de associações capazes de representar os produtores com o mínimo de eficácia.
Para ocorrer a modernização do setor, seria certa a redução do número de produtores, porém isso teria um alto custo social, a não ser que a economia estivesse em crescimento para absorver tanta mão-de-obra.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

URINA DE VACA
Ricardo Sergio Sarmento Gadelha1 eRegina Célia Alves Celestino2 1 Pesquisador da Estação Experimental de Itaocara2 Pesquisadora da Estação Experimental de Macaé
ALTERNATIVA EFICIENTE E BARATA

·Porque diminui a necessidade de agrotóxicos e adubos químicos;
·Reduz os custos de produção;
·Nutre corretamente a planta, aumentando o número de brotações, de folhas e de flores e aumenta a produção;
·Não causa risco à saúde do produtor e do consumidor;
·Está pronta para uso, bastando acrescentar água;
·Pode ser utilizada em quase todas as culturas e o efeito é rápido, além de ser facilmente obtida;

Qual é o efeito da urina de vaca nas plantas?
As plantas ficam saudáveis e mais resistentes às pragas e doenças. É a possibilidade de o produtor utilizar, regularmente, uma adubação completa. De acordo com os estudos desenvolvidos até o momento, as principais substâncias encontradas na urina de vaca são: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, manganês, boro, cobre, zinco, sódio, cloro, cobalto, molibdênio, alumínio (abaixo de 0,1 ppm), fenóis (aumentam a resistência das plantas) e ácido indolacético (hormônio natural de crescimento).
Como colher a urina de vaca?
Na hora da retirada do leite, a vaca geralmente urina, momento em que a urina deve ser recolhida com um balde comum.
A urina de vaca pode ser guardada?
Recomenda-se guardar em recipientes plásticos com tampa, onde deve permanecer por três dias antes de usar.
Em recipientes fechados, a urina poderá permanecer por até um ano sem perder a ação.
Como usar a urina de vaca?
Misturada com água na proporção correta para cada cultura.
Quantidades maiores que as indicadas pelos testes de campo poderão causar danos às plantas.
A aplicação da mistura poderá ser feita no solo ou em pulverizações sobre as plantas.
A aplicação no solo é feita principalmente em fruteiras.
Em pulverização, a urina é aplicada da mesma maneira que o produtor utiliza para aplicar produtos químicos. Os intervalos de aplicação deverão ser respeitados para cada cultura, de acordo com os testes de campo.
Como a urina de vaca possui alto poder de penetração na planta, não é necessário usar espalhante adesivo.

Hortaliças

Que quantidade de urina de vaca usar?

As principais indicações dos testes de campo realizados pela PESAGRO-RIO em parceria com produtores rurais são:

Quiabo, jiló e berinjela
  • 1 litro de urina em 100 litros de água, pulverizada nas plantas de 15 em 15 dias.
Tomate, pimentão, pepino, feijão-de-vagem, alface e couve
  • meio litro de urina de vaca em 100 litros de água;
  • pulverizada uma vez por semana.

Fruteiras

Abacaxi - Nos primeiros quatro meses, pulverizar a mistura de 1 litro de urina em 100 litros de água. A seguir, devem ser feitas pulverizações mensais da mistura de 2,5 litros de urina em 100 litros de água. A aplicação do produto deve ser suspensa dois meses antes da indução da floração, retornando a partir do avermelhamento.

Aplicação no solo

Maracujá, coco, acerola, limão, laranja, tangerina, banana, pinha, manga, jabuticaba, goiaba.

- Misturar 5 litros de urina de vaca em 100 litros de água e aplicar no solo, junto à planta, meio litro da mistura por planta para plantas pequenas; 1 litro por planta para plantas médias e 2 litros por planta para plantas grandes.
- No caso do maracujá, a quantidade da mistura é de meio litro por planta.
-A aplicação deve ser repetida a cada três meses.
Aplicação em pulverização

- Misturar 1 litro de urina de vaca em 100 litros de água e aplicar em intervalos mensais, molhando toda a planta.

- Café - O procedimento anterior pode ser utilizado para testes na cultura do café.
- Plantas ornamentais - Diluir 5ml de urina de vaca em 1 litro de água e aplicar 50 a 100ml da mistura no solo, de acordo com o tamanho da planta, de 30 em 30 dias.

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial concedeu a Carta Patente nº PI 9301910-6 à PESAGRO-RIO sobre os “Métodos para utilização da urina bovina no controle de fungos e bactérias; como fertilizante e estimulante de crescimento; como estimulante de enraizamento; como herbicida; como transportadora e fixadora de substâncias; para aumentar o teor de sólidos solúveis; como estimulante de floração; para aumentar o tempo de duração do fruto na planta e para tratamento pós-colheita”, pelo período de vinte anos.