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terça-feira, 7 de agosto de 2007

Manejo reprodutivo



Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP

Sistemas de Cobertura

- Existem dois sistemas: o natural e o artificial.

- O sistema de cobertura natural apresenta duas modalidades: uma a campo e a outra controlada.

- A cobertura natural a campo é a mais empírica que existe, pois o touro fica a vontade com as vacas, ocorrendo excessivas coberturas em uma mesma fêmea e muitas delas em momentos inadequados. Neste caso, a relação touro x vaca é de 1:25.

- A cobertura natural controlada é um sistema mais eficiente que o anterior, pois o touro fica num piquete separado das vacas e a fêmea no cio é levada ao reprodutor para a cobertura. O touro não executa grande número de coberturas em uma mesma fêmea, efetuando as coberturas em momento adequado, permitindo manter-se no sistema uma relação touro x vaca de 1:50. Neste sistema fica mais fácil controlar a fertilidade dos touros, além de se conhecer a paternidade da progênie.

- O sistema de cobertura artificial refere-se à inseminação artificial. Neste método, ocorre a interferência do homem na reprodução, não ocorrendo a cobertura, e sim a introdução do sêmen no aparelho reprodutor de fêmea, com a ajuda de instrumentos e técnicas adequadas, em condições de fecundá-la. A técnica utilizada em bovinos é a retro-cervical profunda. Quando o homem deve fazer a inseminação? Quando a vaca estiver no 1/3 final do cio.

A idade zootécnica para a inseminação é de 16 meses, sobrepondo-se a idade o "score corporal", que é a condição corporal de peso vivo, este deve ser ideal quando a vaca pesar 375 kg de P.V. (peso vivo) .

Serve também para a cobertura natural controlada. Neste momento, aumenta a probabilidade de concepção. Por isso é fundamental que ocorra a detecção do cio. Os sintomas de cio são modificações psicossomáticas na vaca.

Sintomas de cio

- a vaca vai apresentar monta e deixa-se montar pelas companheiras;
- a vaca fica inquieta;
- a vaca apresenta micção freqüente;
- a vaca apresenta a vulva tumefeita e congestionada;
- a vaca apresenta corrimento vaginal cristalino; quando este mesmo corrimento apresenta-se turvo ou purulento, pode caracterizar problemas de infecção, devendo intervir com tratamento adequado, prescrito por veterinário;
- a vaca aceita espontaneamente o macho;

Aproximadamente 50% das vacas apresentam um cio na parte da manhã. É necessário observar o cio pelo menos duas vezes ao dia. Nem sempre a fêmea apresenta o cio com todas as sintomatologias, tendo o cio silencioso; neste caso, a vaca apresenta corrimento que se adere à cauda.

O ciclo estral dos bovinos é de 21 dias, tendo o cio duração de 14 a 18 horas; a ovulação ocorre 12 a 14 horas após o término do cio, ficando o momento adequado para a cobertura no 1/3 final do cio (12 horas). O espermatozóide tem capacidade fecundante de no máximo 24 horas.

Ocorrendo o cio pela manhã, faz-se a cobertura na parte da tarde e vice-versa. O cio dos Taurinos é mais longo do que o cio dos Zebuínos, por isso, quando se faz cobertura natural controlada, coloca-se a fêmea zebu com o macho no período da manifestação do cio e reforça a cobertura no período posterior (se a vaca zebu manifesta o cio pela manhã, coloca com o macho pela manhã e novamente à tarde).

Rufião: é um touro vasectomizado, utilizado para marcar as vacas no cio ele permanece junto com as vacas o tempo inteiro. O animal é provido de um "busal marcador" que risca a anca das vacas montadas. Este sistema de detecção é mais fácil de trabalhar, mas ocorre a penetração na vaca, podendo ocorrer transmissão de doenças. No caso do animal de elite, o rufião é submetido a um desvio de pênis.

Avaliação Reprodutiva do Touro

Na pecuária bovina, o macho é acasalado com um grande número de fêmeas. Por isto, o uso de touros de baixa fertilidade, inférteis ou de qualidade genética inferior, pode acarretar sérios prejuízos aos criadores, levando a um maior intervalo entre partos das vacas e ou produção de filhos de baixa qualidade.

A substituição de reprodutores, de um modo geral, tem por objetivo:

- evitar consangüinidade;
- melhorar a qualidade genética do rebanho;
- melhorar a eficiência reprodutiva do rebanho;
- fins comerciais (lucros).

Antes da aquisição de um reprodutor deve-se definir a raça e o grau de sangue, em função da qualidade ou tendência racional do rebanho existente e da finalidade a que se propõe. É importante considerar, também, a região e condições de manejo da propriedade.

Muitos criadores são ludibriados na compra de um reprodutor, ao confiar na afirmativa do vendedor de que se trata de um animal provado. A prova de um reprodutor se faz através do "teste de Progênie" (única forma de garantir a qualidade genética do reprodutor), porém, o Brasil é carente em provas de teste de progênie. Assim sendo, na impossibilidade deste resultado deve-se levar em consideração uma avaliação do reprodutor, com relação aos seguintes aspectos:

- condição corporal;
- fertilidade;
- sanidade.

Condição corporal:

É o aspecto do reprodutor e é muito importante, principalmente se há necessidade de seu uso imediato, uma vez que o animal magro ou fraco pode apresentar uma baixa produção e ou qualidade dos espermatozóides. A compra de um reprodutor é quase sempre efetuada em função do tipo do animal (aspecto externo), sem nenhuma informação complementar capaz de auxiliar na sua avaliação. Este procedimento conduz a erros. Tem-se conhecimento de reprodutores usados com finalidade leiteira, de extrema beleza nas características externas (altura, peso e conformação), cujas filhas se caracterizam por baixa produção de leite e peso elevado (situação comum na aquisição de touros Gir para obtenção de mestiços leiteiros).

É muito importante analisar também a coordenação Motora do animal:

A caminhada em piso de grama ou cimento permite observar se o animal apresenta defeitos de aprumo e incoordenação dos movimentos (andar cambaleando ou manqueira). Touros com problemas de casco, membros, articulações e ou coluna podem apresentar dificuldades para montar na fêmea.

Fertilidade

- Comportamento sexual:

O reprodutor colocado junto a uma fêmea em cio permite as seguintes observações:

- Desejo sexual (libido): o desejo sexual é avaliado pelo tempo que o animal demora a se exercitar e saltar. O salto deve ser imediato ou em até 20 minutos. E importante saber que os machos da raça zebuína são por natureza mais vagarosos ou lentos. Cansaço ou esgotamento devido ao manejo incorreto pode acontecer.

- Ereção e exposição do pênis: comprometida por aderência, processos inflamatórios dolorosos ou verrugas (papilomas) na glande ou corpo do pênis.

- Introdução do pênis na vagina: em casos de fraturas, paralisia ou abscesso do pênis, os animais montam mas não conseguem introduzir o pênis na vagina da vaca.

É interessante ressaltar que o comportamento sexual; deve ser observado a uma distância regular do animal, pois, se o observador estiver muito perto, a sua presença poderá inibir o touro. Por outro lado, se o observador estiver muito longe, pode-se comprometer a observação.

Obs.: Capacidade coeundi: é a capacidade de efetuar montas sem problemas físicos

- Defeitos nos órgãos genitais

- Prepúcio: pus junto ao pênis de abertura pode indicar presença de infecção; crescimento anormal dos tecidos junto ao orifício de entrada chamado de acrobustite (umbigueira). Nesses casos não é indicada a compra, por necessitar de tratamento específico e longo tempo de recuperação.

- Bolsa escrotal e testículos: na bolsa escrotal estão localizados os testículos. Sua pele não deve apresentar ferimentos, queimaduras ou vermelhidão, que podem ser indicativos de inflamação ou abscesso. Os testículos são responsáveis pela produção de espermatozóides, sendo por isto, de fundamental importância no processo produtivo. Os dois testículos devem ter pouca ou nenhuma variação de tamanho. Um testículo pode estar localizado um pouquinho mais alto que o outro ou ligeiramente inclinado para trás. O animal deve demonstrar sinal de dor quando se aperta ligeiramente está região. Algumas anormalidades podem ocorrer com os testículos, sendo perfeitamente percebidas, e as mais importantes são a falta de um ou ambos testículos, na bolsa escrotal, contra indicação a aquisição do animal.


- Mobilidade dos testículos: os testículos são normalmente móveis dentro da bolsa escrotal, podendo-se através de pressão, fazer subir um de cada vez sem maiores dificuldades. Em caso de aderência ou inflamações, esta mobilidade deixa de existir ou diminui, afetando o mecanismo termorregulador dos testículos e, conseqüentemente, a produção e a qualidade dos espermatozóides. Com relação à consistência deve ser firme, ou seja, não são duros nem moles (duro = calcificado, atrofia, fibrosos; mole = degeneração testicular).

O tamanho dos testículos é importante por estar relacionado com a concentração e normalidade dos espermatozóides. A diminuição do peso e volume pode ocorrer em um ou ambos testículos. Este detalhe tem grande importância em bovinos devido a sua possível origem genética. poderá ocorrer Hipoplasia Testicular; é quando sempre um testículo for menor que o outro (origem genética), e ou Atrofia Testicular, quando o testículo normal diminui de tamanho (adquirido). O importante é saber que em ambos os casos a compra é desaconselhável.

Ainda em relação ao tamanho dos testículos, é bom saber que ambos os testículos podem ter o mesmo tamanho, embora menores que o tamanho normal. Em touros acima de 30 meses de idade a medida do diâmetro da bolsa escrotal não deve ser inferior a 30cm.

- Qualidade do sêmen (espermograma): os testículos são muito mais sensíveis às alterações metabólicas (hormonais, bioquímicas, etc.) e do ambiente (frio, calor, etc.), que afetam bastante a produção e a qualidade dos espermatozóides.

Desse modo, qualquer alteração no trato genital do touro, independente de sua origem, resulta em menor fertilidade ou mesmo esterilidade.

A quantidade de sêmen (constatada pelo espermograma) constitui o fator mais importante e seguro para determinação da eficiência reprodutiva do touro. De um modo geral, a qualidade é baseada nos espermatozóides (presença, contaminação, relação vivos/mortos, tipos de patologia, etc.).

Indiscutivelmente para verificar a fertilidade do touro, o método mais seguro é efetuar o espermograma, porém, no campo, devido à dificuldade deste procedimento (falta de laboratórios), todos os aspectos aqui mencionados devem ser considerados na tentativa de se evitar a aquisição de um animal inadequado para a função.

Sanidade

Os testes para brucelose campilobacteriose, bem como a identificação de trichomonas, devem ser realizadas com a finalidade de se evitar a introdução destas doenças no rebanho. Além das doenças de reprodução, outras devem ser observadas: tuberculose, papilomatose (verrugas), aftosa, etc.

Avaliando a Matriz

Na escolha de matrizes, deve-se observar o potencial genético através da produção de leite, a fertilidade através do I.E.P. (intervalos entre partos), período de serviço (período que vai do parto até a concepção) e idade do primeiro parto, e a sanidade através de todos os testes negativos, além da verificação da presença de mastite (inflamação da glândula mamária) Devem-se considerar também os aspectos externos anteriormente citados.

Modelo - Ficha de Controle de Gado

Nº ......Nome.......................................Grau................Nascimento..../...../....

Pai .......................................Mãe ...............................Procedência............

Peso/nasc........kg Peso/210d.........kg Peso/365d........kg Peso/550d.........kg

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea..................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Marca

Vacina

Data

Data

Data

Data

Data

Data

Data

Data

AFTOSA

AFTOSA

Carbúnculo

Brucelose

RAIVA

Botulismo

Leptosp

Vermifucação

Vermifucação

Antes de comprar um touro...

Algumas informações devem ser obtidas com outras pessoas da fazenda, já que o vendedor poderá colocar o interesse comercial acima da verdade. Caso o vendedor tenha grande reputação torna-se desnecessário. Para conseguir tais informações algumas perguntas podem ser formuladas:

1. Já possui filhas no rebanho? Quantas?
- elimina esterilidade;

2. As vacas cobertas por ele repetem muito cio?
- pequeno número de animais com retomo de cio, leva a suspeita de problemas com as fêmeas;
- grande número de retornos, possibilidade de o macho ser portador de algum problema;

3. Suas filhas têm problemas de falta de cio?
- Isto pode ser indicativo de problemas hereditários de fertilidade. Ex: hipoplasia ovariana;

4. Vacas que ele cobriu abortaram ou voltaram ao cio com intervalo maior que 30 dias?
- A resposta positiva pode sugerir presença de agentes infecciosos transmitidos pelos machos; Ex: Trichomonas, Campilobacter, Micoplasma, etc.

Obs: mesmo tendo dois ou mais touro no rebanho, é costume o criador destacar o touro como sendo o pai das melhores bezerras e novilhas ou vacas do rebanho, tendo em vista a importância de se conhecer a produção de suas filhas.

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